terça-feira, 26 de maio de 2009

125 ANOS DE ESCOLA!

Estou na sala 11 da Escola Secundária de S. Lourenço, a minha escola, a mesma escola que assinala 125 anos de existência, os mesmos do Jardim Zoológico. Coincidência, decerto...
À minha frente há 24 cabeças de jovens tentando compreender Camões e "Erros meus, má fortuna, amor ardente". Há olhares compridos para os trabalhos dos colegas, há suspiros de ignorância, e alguns, poucos, sorrisos de competência. Um deles, miúdo com corpo demais para o tamanho da alma, traz uma T-shirt preta que grita:" You have to Destroy the previous generation to invent your own". Indiferente ao apelo violento, o miúdo esforça-se por descobrir o que serão os erros meus, a má fortuna também. Não me apetece ajudá-lo. Ele que cresça, que aprenda, que desvende o mundo imenso que anuncia querer destruir. Incomoda-me a gratuidade, a ligeireza, com que estes miúdos consomem ideias feitas, frases gastas, apelos ocos.Devo estar a ficar velha... Porque me apetece uma juventude original, crítica de facto, criativa e exclusiva.
Perto da janela, o Francisco estica o pescço. Mas a Mariana tem uma letra pequenina e ele desiste. Não consegue mesmo copiar. Suspira. Oh professora, bem podia ter feito um teste mais fácil. Nem respondo. Fácil demais é, por vezes, a Escola. Por isso eles se tornam velhos de quinze anos. Oh professora, o que quer dizer conjuraram? E eu a lembrar-lhes a importância de LER!!
Sol lá fora. Oiço os pássaros, chegou o Verão, riem dois homens que, por conta da Câmara, montam barraquinhas no Jardim para a Festa dos 125 anos da Escola. A tal festa, como no Jardim Zoológico! Onde haverá mais feras? Mais perigosas?

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