quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A Minha Criação do Mundo

Deus, o Ser Criador da humanidade, fez a terra, os rios, o mar, as plantas, as montanhas, as aves e os animais terrestres e marinhos. Não fez os peixes porque, com tanta água, eles fizeram-se uns aos outros sozinhos. Obviamente, ficaram prejudicados porque não tiveram direito a memória…
Um dia, olhando do Céu a sua obra, Deus achou que era uma pena que não houvesse um ser inteligente para, com Ele, gozar daquela criação. Como artista, Deus pegou em barro e moldou o homem. Achou uma criação interessante, gostou do pormenor daquele bocadinho pendurado e suportado por apenas duas bolinhas que, cuidadosamente, marcou com risquinhos rugosos. Como o boneco não mexia, o Criador soprou-lhe o hálito divino e o homem ganhou vida. Deus, lá do céu, começou a divertir-se observando as reacções do homem na terra e, aí, começou a sua desilusão!: - O homenzinho não cheirava as flores, não se espantava com o adormecer do sol, não olhava as fases da lua, não bebia a água nas nascentes, não mergulhava no mar, não chorava com o amanhecer tecido de vermelhos alaranjados. Então, com alguma surpresa indignada, Deus pensou: - Como pude eu, o Criador de tanta beleza, criar um ser tão incompleto, tão cheio de falhas e lacunas? Como deixei aquele abanico pendurado?!  Isto, sem dúvida, foi apenas o meu borrão, o meu rascunho, o meu ensaio. Agora, está na hora de criar a obra-prima!
Esmerando-se, aproveitando o sono do homem, espantado por o seu borrão dormir de boca aberta e perturbando a paz nocturna com sons cavos e incomodativos, Deus criou a Mulher: - Dotou-a de sensibilidade, de emoções intensas, de coragem ilimitada. Deu-lhe a possibilidade de chorar perante o adormecer do sol, de distinguir o cheiro das diferentes flores, de colher malmequeres para colocar nos cabelos. Retirou-lhe as bolinhas incómodas, deu-lhe bolas lisas, pintadas de chocolate tentador que colocou em lugar de destaque, ofereceu-lhe o dom do prazer e encheu-lhe o corpo de fibras sensíveis. Este ser, sozinho, descobriu a gargalhada, a ternura e o toque. Então, realizado, Deus contemplou a sua obra-prima e decidiu não eliminar o borrão. O contraste lembrava-lhe que, em termos de Valores, os contra-valores fazem falta. Deus chorou com a grandiosidade da sua obra-prima e, creio, foi aí que alguém inventou a história do dilúvio. Afinal, não era um castigo. Era Deus chorando de felicidade e preparando a fertilidade da terra para, renovada, aceitar a sua obra-prima!!

2 comentários:

  1. Deus teve razão em chorar de alegria, de felicidade. Não há dúvida que a mulher foi a sua melhor criação: a sensibilidade, a coragem, o prazer, o amor...
    E ainda lhe deu a maior das benesses: o poder de procriar, de gerar o seu próprio Filho, que está, mesmo, para nascer.
    Quanto ao dilúvio, pela amostra do que tem chovido ultimamente, Deus deve estar mesmo babado de satisfação... é que vai ser Pai a 25!

    ResponderEliminar
  2. Minha querida mulher

    Uma obra-prima a tua decrição detalhada das 'ditas'! Quem foi o modelo ?
    No entanto o homem, também tem a capacidade de encher os pulmões, com prazer, ao cheirar as flores, a terra, e mesmo 'chorar' com o 'cair' do sol no mar !
    Da lua já não direi nada, é ela que comanda as marés e os sentires, mas é 'falsa', pode induzir-nos em erro na sua observação astronómica para a náutica!
    Será por ser bela e feminina? ou pelas 'suas' fases?
    Bendito(???) GPS que nos 'roubou' a arte(?) e deixou-nos os astros e os planetas apenas como 'decoração'!

    Muitos beijos com saudade

    J

    ResponderEliminar