sábado, 4 de dezembro de 2010

Vermelho

Já chegou o Natal comercial. As lojas estão cheias de vermelhos e dourados, nas pastelarias as azevias e flhós surgem tentadoramente alinhadas, e há, ou eu quero crer que haja, um olhar diferente nos olhos das gentes. Claro que, objectivamente, tudo está igual. Os problemas não desparecem com vermelhos e dourados, as contas bancárias não se alimentam de azevias ou filhós, e a solidão continua fria apesar das muitas lareiras acesas. Mas, apesar de todas as objectividades e realidades, este é um Tempo diferente.
Para mim, este tempo sempre me lembra gnomos, vestidos de vermelho e barbas brancas, ágeis na sua sem idade, conhecedores de mil histórias onde ainda as fadas voam e os meninos são felizes.
Bem cedo, os gnomos gostam de andar nos quintais, de escorregar nas folhas de couve bem geladas, de esborracharem os narizes  nas janelas dos mais dorminhocos. Às vezes, há alguns, mais ousados, que montam nos meus cães e correm loucos pelo meu quintal.
Hoje, por causa do muito frio, fiquei observando os gnomos de dentro da minha casa. Vi-os a espreitar, curiosos e atrevidos, quando fui à lenha a correr; adivinhei-os atentos, quando fui encher de ração a gamela dos cães; e acho que posso jurar que os ouvi rir de mansinho quando fui à cave buscar a velha árvore de Natal,  batendo os pés com medo de algum rato...

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