quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Zero Graus

Frio. Muito frio. Frio na pele, no rosto, na alma também. Frio de zero graus, de céu limpo, frio que nem a lareira, bem carregada, conseguia afastar. Sentou-se junto ao lume, pernas cruzadas, enrolando-se num novelo só, sem fazer nada mais do que desfiar memórias, sonhos, saudades e projectos. No colo, o caderno grosso, de folhas fortes, onde se viciara nos registos. Registos daquelas pequenas coisas que, dizia Umberto Eco, fazem cumprir a vida. Apetecia-lhe escrever, com a caneta de tinta  castanha, vendo as folhas encherem-se com a sua caligrafia feia - diziam - mas pessoal - achava.
Consciente e deliberadamente, mantinha o velho gosto pelas folhas e cadernos, pelas canetas de tinta permanente, pela escrita que podia guardar fechada numa gaveta. A escrita que não era moderna, não fazia blogues, que não partilhava com ninguém. Ou, melhor, a escrita que partilhava consigo mesma, numa relação de eu com eu, e onde ninguém opinava. Era bom estar de bem consigo, na paz quente de um Dezembro gelado.

1 comentário:

  1. OLá, minha querida!
    Também eu gosto ainda da caneta, papel, cadernos... Ainda hoje fui gastar um dinheirão nessas coisas e, depois, venho escrever na internet... Paradoxos!
    Um beijinho e Bom Natal!
    O tempo passa depressa, vais ver...
    Bom natal!
    http://falcaodejade.blogspot.com/2010/12/chegou-o-natal-e-arvore-de-natal.html

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