Acordou cedo, ou tarde, porque tudo depende da perspectiva. Mas, para ela, era cedo mesmo. Abriu a larga janela de par em par e percebeu a agitação dos melros, a preguiça dos gatos, a calma das lagartixas - Zéfineta de Vasconcelos - ali mesmo no muro branco que já reflectia o sol. Olhou para ver. Era o mundo a sorrir-lhe. O mundo ainda feito do essencial, sem intervenção humana sempre excessivamente agreste, capaz de a comover e fazer sentir viva. Há quanto tempo não parava assim, no parapeito da existência, para olhar o quotidiano? Sentiu o silêncio a envolvê-la, olhou o céu e reparou nos farrapos brancos que faziam sombra no seu quintal desejando poder guardar, para consumir ao longo do dia, aquele momento. Farrapo também. Farrapo de vida decente!
Que delícia este "Farrapo de Vida" matutino, silencioso, e a paisagem agreste! Inveja...-só faltou uma chávena de café fumegante.
ResponderEliminarA vida deveria ser feita, principalmente, destes farrapinhos.
Possivelmente, com as revoltas e as pressas, nem damos atenção a estes momentos únicos!