quinta-feira, 6 de setembro de 2012

LABIRINTO


Na noite vagueia na velha casa. Há ausência, está escuro, procura no vazio as presenças inexistentes, ouve os silêncios eternos, cheira os perfumes perdidos. Não procura certezas, mas deseja respostas, e segue no escuro com a luz do conhecimento afectivo do espaço. Não há espelhos, não se vê, toca a medo as paredes e sente a força do limite imposto. Caminha sempre, presa na liberdade da noite, adivinhando o luar constante. Ouve os cães, sente as corridas dos bichos, arrepia-a o pio da coruja. É noite ainda. É noite sempre nas esquinas da casa onde, perdida, procura as portas que não há. Precisa sair. Mas continua presa no espaço aberto, perdida no lugar que conhece bem, amedrontada pelas esquinas que vira continuamente. Ainda sem portas, ainda sem respostas, sente que as esquinas são sempre bicudas, nunca macias, no labirinto da noite. Da sua noite.

1 comentário:

  1. O luar é divino, a lua é uma brilhante companheira!
    A casinha está cheia de perfumes das pessoas amadas, que entram e saem de lá...
    As esquinas, de noite, são sempre mais difíceis, mas quando a manhãzinha vem, e se com sol, não há labirintos -´bora a seguir o caminho da vida! ...

    (lindo texto!)

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