É uma varanda com vista fantástica. No 24º andar, num apartamento funcional, limpo e branco, instalei-me para descansar, para recuperar a serenidade (sugeriram-me), para, sobretudo, iludir a realidade. Aqui, na varanda, oiço rebentarem as ondas, vejo o mar imenso, sinto o odor salgado que sempre me sugere ousadias. Daqui, vejo as pessoas pequenas e silenciosas, as gaivotas grasnando protestos e os barcos à vela que, calmamente, vogam sobre as águas. De manhã, mergulhei, nadei e ousei uma caipirinha fortemente gostosa que o rapaz, que há anos me guarda o toldo da frente, me trouxe até à areia. É um jovem musculado, muito bronzeado, com uma enorme tatuagem que detesto, e um sorriso branco que me lembra os meus alunos. Ñão gosta de estudar, confessou-me, mas adora o mar, a praia e, admite com um sorriso brincalhão, as estrangeiras de mamocas de fora esturricadas que nem lagostas. Ri-me com ele.
Vão ser dez dias a ignorar a vida, a fingir que sim, que existir faz sentido, a mergulhar no mar das descobertas lembrando que sim, "Que tudo vale a pena, se a alma não é pequena"!!
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