quarta-feira, 8 de julho de 2009
O Corte
Fim de tarde e, por antinomia, início de recordar. Não sei se se podem reviver momentos, se há mesmo déjà vues com fundamentação científica, se a nossa mente acumula informação e, às vezes, desata a expô-la sem querer saber de razões. O que eu acho mesmo, é que nós acumulamos vivências que ficam algures em nós. Desarrumadas. Assim como um lugar de trabalho, a minha solitária por exemplo, onde sem ordem aparente nós encontramos o que precisamos desde que, por acaso, ninguém, sob qualquer pretexto nobre como fazer limpeza, nos mexa nos papéis. A minha cabeça, de certeza, funciona assim: - barafunda ilógica com lógica própria! Por isso, quando, hoje ao fim da tarde, cheguei a Valência de Alcântara, vi-me ali miúda, com o meu Pai, para comer calamares e saborear um gelado especial: - um corte! Só ali há este gelado, assim como eu gosto. Lá fui (dietas às urtigas) comprar o corte de nata e fresa. Não, não era morango e nata, era mesmo nata e fresa porque sabia a Espanha e não a Portugal. O rapaz que vendia os cortes era simpático, sorridente, e lá cortou o meu gelado com a medida que pedi. Depois, sentei-me na pracinha saboreando o corte e desfiando recordações. Tive tantas saudades!! Saudades de muitos momentos, de pessoas que desapareceram, de confianças perdidas, de cheiros e sabores que me invadiram e fizeram regressar a casa, bem devagarinho, escolhendo as estradas da Serra que tão bem conheço. Agora, noite já, a desordem continua dentro das minhas emoções. Os afectos estão aos pulos e amanhã é dia 9.
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