Ele não gostava das rosetas. Tinham-no posto ali, um pouco abusivamente achava, numa data de tempo recente, com discursos e palmas que não entendera. Deixara-se ficar. Com pés de pedra, colado ao chão, eram poucas as hipótese de, dignamente, pegar no acordeão e ir tocar música para outro lado. Ali ficara, por isso. Fazia-se vaidoso se turistas o fotografavam, tornava-se cúmplice se os namorados ali trocavam beijos e ousavam carícias, chegava até, tarde nas noites, a apoiar aqueles que, bem bebidos, oscilavam qual navios em mar revolto a caminho de casa. A tudo assistia sem reclamar, rindo-se na imobilidade da pedra, troçando também, chorando as lágrimas secas que não gastavam a pedra. Mas, desta vez, a ofensa fora demais. Um bando de miúdos idiotas, mal-educados, insolentes, pintara-lhe rosetas nas faces e, como se a humilhação não fosse suficiente, ainda lhe tinham colocado um baton vermelho, foleiro e vulgar, nos lábios masculinos. Desesperara! Não seria suficiente o mal que os homens faziam a si mesmos? Ainda era preciso humilharem os marcos de Tempos, as figuras de histórias? Ah! que raiva! Se pudesse, com que energia lhes teria aplicado um pontapé de pedra nos rabos moles!!!
Sem dúvida, deplorável. Mas quero sugerir que façam uma coisa útil: deitem abaixo aquele horroroso Fox-Terrier, o do "coração", logo à entrada, junto à bomba de gasolina, primeiro sinal assustador e enganador de uyma cidade linda que é a tua!
ResponderEliminar