Tinha sido um dia de muito calor. De calor excessivo até para o Verão, de céu limpo, ausência total de vento e com o mundo parecendo prestes a derreter-se. Bom, verdade-verdadinha, não se perderia grande coisa, pensava, olhando a chegada do anoitecer, sentada à beira da piscina. Se se derretesse a loucura vigente, seria um sossego... Por companhia, o Ducks, o cão jovem, às vezes parecendo louco nas correrias e saltos, companheiro sempre fiel. Naquele momento, na hora em que o mundo sempre pára, quando o sol recolhe os raios para ir dormir, reparou na súbita quietude do cão.
O Ducks sentou-se, virou costas e ficou observando, lá longe na linha do horizonte, bem por detrás da Serra da Penha, as pinceladas vermelhas que o Artista deixava na tela real. Ela olhou também. Não estava tranquila, feliz, sequer descansada. Mas aquele momento, aquela hora partilhada com a atenção do Ducks, fê-la pensar que tem de haver Alguma coisa, Alguém?, para além do quotidiano que a esgota. Alguma coisa talvz primitiva, mais acessível ao instinto do que à Razão.
Tem de haver um sentido, crendo ela que se faz de afectos e sentires, para justificar a Beleza pura, a quietude da paisagem, a paz que lhe secou as lágrimas incómodas.
Há sempre um Sentido, Alguma coisa ou Alguém que está por detrás de tudo.
ResponderEliminarHá sempre um Algo, um Indefinido, um Etéreo que permite a explicação do não explicável, a justificação do injustificável, para dar sentido e paz ao irracional da nossa irracionalidade.
Assim faz sentido o viver.
Cumprimentos.
Querida, Os cães são seres especiais, e cada vez mais tenho certeza disso! Há Alguém... Há fé, amor, cumplicidades... e eles Também o sentem..
ResponderEliminarBeijo enorme