domingo, 11 de agosto de 2019

NORTE-SUL-NORTE-SUL

Vim do sul, da "minha" praia da Rocha, de dias óptimos e noites quentes e rumei ao Norte. Verde Minho, milhares de emigrantes de olhar turvo de saudades cansadas, estradas perigosas e  ternura dos netos. Olhei o mar do Norte, escuro e intenso, pensei os meus pensares, bebi vinho verde - bem gelado!- e rumei de novo ao Sul. Mais netos, os afectos intensos que as saudades tornam mágoas. E sol, mergulhos, gargalhadas. Logo, cedo mesmo, a subida até a capital do reino, a essa cidade que já não é minha, onde predomina o turismo, os ataques a essências, o culto das aparências. E eu a vestir-me de turista também, mascarando a alma, a identidade que me faz calar tanta dor, iludir grande revolta. 
Férias são isto? Sim, são a fuga à realidade, ao quotidiano, às exigências de horas. Férias são, para mim, tempo de fugas. 
Fujo de mim, afinal. 
E sempre me encontro, à noite, seja olhando o Tejo que substituiu as ninfas pelo Hippotrip, seja nas praias que abarrotam de corpos tatuados, seja no Minho que trocou o verde da canção pela cinza e o negro do fogo.

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