terça-feira, 10 de setembro de 2019

TALVEZ


Sei de cor os teus silêncios, traço os mapas das tuas ausências, conheço o gosto das tuas partidas. Para mim, as tuas palavras são excessivas porque balofas. Gordurosas. Não digas mais nada. Fica aí, na tua opção distante, trancado no casulo da razão singular. De que servem a certezas, se só a nós se aplicam?
Falta-me o teu beijo intenso, o abraço forte, o sorriso matreiro. Sobra a água gelada no frigorífico e o pão, de centeio, endureceu. O meu apetite cresce na saudade, mas continuo a fazer dieta de afectos. Talvez seja para sempre assim. Talvez, um dia, consiga alimentar-me apenas da memória de muitos ontens.

Sem comentários:

Enviar um comentário