quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

ÁGUEDA SENA

Morreu a bailarina e coreógrafa Águeda Sena. Mais uma perda no meu mundo de afectos. Conheci bem a Águeda, trouxe-a a Portalegre, de boina, fumando toda a viagem, amparada por uma bengala que lhe dava um estilo único. 
Nas duas viagens que fizemos falou-me de muitos amores, da vida, da perda da primeira paixão num acidente numa avioneta perto de Cascais. Contou-me da dificuldade de caber nas normas de outros, do enorme desgosto por não poder viver um amor intenso e eternamente adiado. Dizia, fazendo-me rir, que vivíamos na época do sem fio. Que falávamos sem nos ligarmos, nem os telefones já tinham nada que os prendessem a lado algum...
A Águeda Sena foi, para mim, a personificação da Arte. 
Gostava de conversar com ela. Das transgressões, do desprezo assumido pelas hipócritas normas sociais, da força e vontade de não deixar nada por fazer, nada por viver.
A Águeda tinha 92 anos e morreu. Em mim, ficará viva nas boas memórias. 

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