quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O Sermão

à minha frente, encalorados e ansiando pelo toque libertador, fechados num contentor, há vinte e cinco pares de olhos jovens. O ano lectivo está a começar, as obras na escola continuam, há pó e ruído, e surge o período barroco, o texto argumentativo, o sermão de Stº António aos Peixes. De repente, surgem-me mil dúvidas... A minha paixão pelo texto de Vieira parece não encontrar eco, não fazer muito sentido para os miúdos que suam, que têm sede, que estão sentados em cadeiras incómodas.
Deliberadamente,então, ignoro o programa e oiço-os. Falamos das eternas injustiças, dos atentados à dignidade humana, dos erros (ou caracteristícas?) eternamente humanas. Têm opinião, revoltam-se, mas, estranhamente, desistem da luta, acomodam-se. Talvez, concluo, António Vieira faça mesmo falta. Talvez, sinto-o, estes miúdos estejam a deixar-se moldar, depressa demais, pelo comodismo social, pelo umbiguismo vigente.
Saio da aula amargurada. Tenho de fazer melhor. Muito melhor!!

1 comentário:

  1. É difícil re-começar para todos... Vais ver que os "prendes" com o Sermão! Eles precisam de "histórias", de rir, e se for preciso ir até aos peixes para eles perceberem, vamos ao Maranhão!
    Coragem minha amiga!

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