terça-feira, 28 de setembro de 2010

Outono

É sempre assim no fim de Setembro. Vem um vento fresco, os dias encurtam, as folhas enchem o meu quintal e as nozes, às vezes violentamente, caem da velha nogueira. É a época, para mim, do ouro real. Os campos brilham, os castanhos enchem a minha Serra e o tempo parece ceder à pressa constante. Gosto de abrir a janela e deixar entrar o vento fresco. Gosto de voltar às minhas botas e de, com o casaco eterno e gasto, caminhar no espaço que é meu.
Quando era miúda, há tanto tempo..., escrevia longas composições sobre o Outono, as castanhas e, claro, os ouriços. Lembro-me de olhar o quintal e de, depois, com a minha caneta Parker de tinta permanente (nome bem estranho, pensava, vendo a tinta esgotar-se num instante...)encher as folhas do caderno novo. A cheirar a aprender, como eu achava então.
Hoje, ao ligar o meu computador, velhinho, com teclas a prender e a falhar, tive saudades do cheiro a aprender, das folhas novinhas, e da letra, feia mas minha!, que enchia as folhas brancas. Este Outono,pouco fresco ainda, trouxe-me a nostalgia da infância. Teria sido a influência de Pessoa?

1 comentário:

  1. Tão belo o Outono aí na nossa Serra!
    Sempre -como tu...- adorei esses dias de Outono, a luz dourada, o ventinho fresco-
    Enjoy!

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