quarta-feira, 11 de julho de 2012

A Rita

Diziam-lhe que era a vida. Insistiam que a vida é assim, feita de dificuldades e problemas. Face ao seu desespero, contavam-lhe experiências alheias, lembravam-lhe vidas de santos, valorizavam as dificuldades. Mas a vida era dela e Rita, sozinha, olhava-a com tristeza e fúria. Queria vencer! Queria a paz da segurança, a certeza do agora e a possibilidade do sonho do amanhã. Com ela carregava memórias de afectos, vivências múltiplas, realizações e sucessos, sonhos desfeitos também. Que lhe importavam os fracassos alheios, se não eram seus? Que consolo tinha na vida de santos, se ela não era perfeita? A vida, a sua, os destroços que tentava colar, não a deitavam abaixo. Ia continuar a lutar! Queria muito, e tão pouco... Mas não ia baixar os braços. Estava viva e era o que ia fazer: - Viver! Ia respirar fundo, endireitar a coluna e, na companhia dos seus poetas de sempre, seguir em frente gritando:
 - " Não sei por onde vou,
     Não sei para onde vou
     Sei que não vou por aí!"

1 comentário:

  1. Ganda Rita! Esta é das minhas!Esta tinha, apesar de tudo, "entusiásmo" p'rá vida, coisa que muitos gostaríam de ter e não o sabem encontrar «dentro»...
    Deviam haver mais Ritas - Esta é das que dá à vida, não espera que a vida lhe dê a ela!!

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