Numa crónica de Eduardo Agualusa, uma crónica fantástica que usei numa avaliação da minha turma de 10º ano e gerou o pânico, lê-se "Entregar-se implica esquecer-se de si". Tento esquecer as interpretações absurdas dos meus alunos e fico a saborear a frase. Desembrulho o texto e deixo as palavras rolarem em mim, tornando-se alimento, desfazendo-se em calorias de sentires. Lembro as primeiras aulas de dança, o Pedro afirmando que ninguém pode ser um bom dançarino enquanto dançar pensando que o está a fazer. Tinha razão, o Pedro, como tem razão Agualusa. De facto, entregar-se é como amar, é ser-se para o outro antes de se ser para si.
Amar é querer o Bem do outro, ter vontade de desfazer todos os escolhos da vida, ser capaz de atapetar com alcatifa terna as estradas da existência. É ser almofada onde, a cada noite, se encosta a cabeça confiante no futuro.
Nesta noite escura, (não descubro a lua), penso na entrega total, no amor, na vida, nos sorrisos, nos poemas que me deliciam, nos netos que estão longe...
Para a entrega existir teria de não haver egoismo, é o que eu acho.
ResponderEliminarAna
E quando há entrega assim, diz-se que é amor. Não é assim, setôra?
ResponderEliminarJoão
Gosto tanto de a ler! Obrigada por estas reflexões que me fazem sentir.
ResponderEliminarMª da Graça
Para haver entrega assim, tem de haver um grande amor!
ResponderEliminarAna S.
Mae querida, o texto esta bonito mas eu nao podia estar mais em desacordo. Temos de ser sempre para nos proprios primeiro, e so assim nos podemos entregar inteiras.
ResponderEliminarAdoro-te
Filipa
são opiniões, apenas!
EliminarÉ uma grande verdade. Só que não é fácil... Como diz a Ana "teria de não haver egoísmo". E é contra o egoísmo que temos de lutar, sem nos esquecer de nós como é óbvio. Porque se não nos amamos não podemos amar os outros e, logo, não nos entregamos. Difíl, claro!
ResponderEliminarEu também entendo que a entrega é esquecermos-nos de nós mesmo.Pôr à frente de tudo, o que seja o objectivo da entrega - seja a uma causa, seja à família,seja ao amor.
ResponderEliminarQuase sempre, cada um de nós, já passou por casos de entregas.
Hoje,aqui da distância da minha idade, e, referente à entrega por amor, nada de atapetar com alcatifa terna as estradas da vida, e, nada de almofada onde encostar a cabeça confiante no futuro...!
...e, "pró inferno, só de carruagem"!