Quando a vida, a obrigatória, abre uma brecha, sabe bem reparar no que está perto. É que, vezes demais, andamos tão ocupados em cumprir prazos, em juntar o pouquinho que o estado não nos rouba para pagarmos contas, em responder a solicitações de familiares e amigos, que esquecemo-nos de viver. Por isso, sempre que a existência abre uma brecha, eu aproveito para enfiar por lá a vida. Então, gosto de ir para o quintal, de apanhar as nozes do chão, de brincar com os cães, de olhar os velhos muros da Casa grande que me fez pessoa, de caminhar um pouco no meio das hortenses envelhecidas.
Ontem de tarde, tarde de sexta-feira sem bruxas nem terrores, ofereci-me um destes raros momentos de vida. Passeei no meu quintal, vi o musgo infantil e verde, enchi o olhar de memórias vividas e esbarrei com o Outono a existir aqui bem perto. As videiras, já sem bagos, estão vermelhas e, acho eu, sentem grande orgulho na cor que, intensamente, ostentam. Gostei de ver a energia, a força das folhas pintadas qual lábios de mulheres ousadas.
Agora, quando a noite se faz silêncio escuro, recupero a minha tarde. É bom carregar energias!
Parar um pouco e respirar fundo, olhando à volta..
ResponderEliminarMil beijos
Setôra, carregue bem as baterias e faça um teste fácil.
ResponderEliminarAna
Lábios de mulheres ousadas !
ResponderEliminarOnde, onde ?
Que bom e que inveja desta brecha, de enfiar pelo Outono dentro e, ir apanhar as nozes da sua nogueira.
ResponderEliminarEu criava mais brechazinhas, e pronto!
Não é toda a gente que pode respirar «o seu quintal»!...
Saúde e felicidades.