O silêncio instalou-se. A casa cheira bem, a máquina da loiça já acabou o ciclo e apenas a lenha estala, de vez em quando, na lareira. Escolho um livro por companhia, mas as letras dançam movidas pela força desordenada dos meus sentires. Deixo-o no colo, fecho os olhos, sinto a Páscoa. Chove muito, há frio lá fora, a minha neta dorme tranquila e o blackberry apita para me dizer que Passos pondera desistir. Elimino a mensagem e fico ouvindo a chuva, tentando, em vão, deixar entrar em mim a paz do dia de sossego. Amanhã será sexta -feira Santa. A sirene vai tocar às três horas, eu vou recordar outras sirenes, outras sextas-feiras Santas. A vida parece repetir-se, mas eu sei-a única e singular! Gosto do silêncio desta tarde de chuva, gosto do privilégio de poder, apenas porque me apetece, ignorar o mundo que tanto me incomoda. Talvez a felicidade seja isto: - gozar pequenos silêncios com uma neta no colo.
Setôra imagino-a ao lume a derreter-se com a Constança! Aproveite!
ResponderEliminarAna