quarta-feira, 16 de outubro de 2013

AO MURRO

" Mas se me chamam nomes, eu parto-lhes a cara!" - Eu falo da importância de não dar ouvidos, de responder com frieza e distanciamento, de ignorar e desprezar a violência. Falo-lhes da força da palavra, da importância da ternura e do respeito. Não resulta. As minhas palavras esbarram na rotina aprendida, na violência conhecida e há muito praticada. Em casa, confronto-me com a notícia de um jovem que esfaqueou colegas e funcionários, em Portugal, ali mesmo em Massamá e, para meu espanto, oiço um psicólogo garantir que o jovem deu sinais de alarme e que os professores o negligenciaram. Ou seja, os professores têm a culpa! Será que os psicólogos conhecem o trabalho constante dos professores, entre alunos que se agridem, outros que faltam, outros que não trabalham e ainda outros que se calam? Será que os psicólogos sabem que os professores assistem a trinta necessidades específicas ao mesmo tempo? E que mudam de "clientes" de hora a hora? E que funcionam ao toque da campainha, sem hipótese de fazer crescer tempos? E que são diariamente bombardeados com alterações ao programa, currículos alternativos, diferentes níveis de aprendizagem, reuniões, formações, exercícios e avaliações?!
Lido com jovens há mais de trinta anos e nunca desisti de nenhum. No entanto, hoje, sinto resvalar o chão que piso e isso, honestamente, apavora-me! No entanto, não aceito com indiferença as "culpas" que querem fazer-me carregar. A violência crescente nas escolas não é responsabilidade dos professores. É, apenas..., a consequência lógica de uma sociedade desumanizada e cada vez mais injusta!

2 comentários:

  1. Luisa, desde que regressei ainda não tinha tido tempo da passar por aqui, portanto fiquei um pouco desatualizada! Agora vim por-me em dia e como me acontece sempre que fala de Escola, estou de acordo consigo. Que sabem os psicólogos do que é ser professor na prática e não em teoria?!

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    1. Dalma,
      Bom regresso? É bom "encontrá-la" por aqui. E claro que tem razão...

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