Finalmente, depois de desencontros magoados, depois de muitas rasteiras da vida, vencida muita solidão abandonada, a vida parecia encarrilar. Lembrava Pessoa, "gira a entreter a razão, esse comboio de corda que se chama coração" e revia-se no engodo. Quantas vezes cedera ao coração, quantos adiamentos não fizera, sofrendo, dando crédito a emoções traiçoeiras? Mas tinha decidido não olhar para trás (para trás mija a burra) e, por isso, olhava em frente com esperança.
Não tinha sonhos, porque os sonhos nunca acontecem, (e quando acontecem, deixam de o ser...,) mas tinha certezas e coragem. Se o mundo colapsava à sua volta, ela lutaria para se salvar. Por isso, olhava o coração com a força da razão, desligava as culpas e os olhares alheios, e fazia a mala. Ia partir! Para trás (no tal lugar para onde a burra...enfim...) deixava os preconceitos, os medos, os conselhos que não pedia, as verdades alheias que nada lhe diziam. Ficavam reflexos que alteravam a realidade, perspectivas agudas e espelhos modificadores onde não se revia.
Na mala metia a força do sorriso, a energia forte do abraço a dar, a ternura quente a partilhar. Partia numa viagem definitiva, sem paragens nem recuos, com destino conhecido e desejado. O coração ia arrumado, firme e seguro, amparado na compreensão mútua e no carinho constante. O Tempo tem sempre tempo, quando o Tempo faz sentido!
Que a viagem seja curta e o destino definitivo... O Tempo só é feito de tempo!
ResponderEliminarO sentido damo-lo nós... ao Tempo!
Um texto brilhante com a imagem ideal! Força, tu mereces outro TEMPO!
ResponderEliminarLena
Finalmente outro... TEMPO!, já não era sem tempo
ResponderEliminarJasus Maria José...! -A Setôra estava inspirada...
ResponderEliminarQue delicia de texto... ´bora lá p´rá frente! FELICIDADES!
...A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os libertar d`lles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação. O que sinto, na verdadeira substância com que o sinto, é absolutamente incommunicavel; e quanto mais profundamente o sinto, tanto mais incommunicavel é. Para que eu, pois, possa transmitir a outrem o que sinto, tenho que traduzir os meus sentimentos na linguagem d´elle, isto é, que dizer taes coisas como sendo as que eu sinto, que elle , lendo-as, sinta exactamente o que eu senti. ... ...
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