Mal entrou em casa, viu-o. Minúsculo, papel vermelho, laço branco, enorme, cheio de frufrufrus, estava instalado na camilha de trabalho, bem ao centro, sem cartão, como se por si só bastasse. Ela olhou-o e desprezou-o. Com calma, arrumou as compras no frigorífico, atirou os saltos altos para um canto e vestiu o casaco velho e gasto. Voltou a olhar o presente, agora com alguma curiosidade, parecendo-lhe que ele estava amuado por ter sido votado ao esquecimento. Quem teria enviado a caixinha? Olhou o embrulho de um lado e de outro, buscando o remetente, mas nada. Agitou a caixinha, seria um anel?, mas nenhum som se denunciou. Voltou a colocá-lo na camilha e foi preparar trabalho. O presente continuava ali especado, ofendido já. Foi antes de aquecer a sopa do jantar que resolveu abri-lo. Com mil cautelas, puxou a ponta do laço. Depois, descolou a fita cola e, finalmente, ficou com a caixa na mão. Não era de veludo, não era um anel. Com crescente curiosidade, abriu a tampa e saltou de lá um abraço vermelho, ternura azul e mil beijinhos salpicados de arco-íris. Era riu com gosto: - Era tudo o que mais desejava!
São estes presentes, feitos de afecto, de ternura e de mil cores... que nos dão mais prazer e aconchego...
ResponderEliminar