Ele gostava dela, garantia. Jurava até. Mas gostava que ela gostasse de tofu, e ela preferia bife do lombo; gostava que ela fosse obediente, e ela gostava da sua independência; gostava que ela fosse calma, e ela gostava de correr, de se apressar, de fazer mil coisas ao mesmo tempo, deixando quinhentas em meio. Ela gostava muito dele, adorava-o, jurava até! Mas gostava que ele gostasse do campo, quando ele amava as cidades; gostava que ele partilhasse, e ele gostava do seu exclusivo material; gostava que ele vivesse cada momento, e ele preferia preparar o futuro. Ele adorava-a. Ela adorava-o. Mas nenhum desistia de ser dono do outro e, nestas coisas do amor, é perigoso querer moldar quem se ama.
Um dia, chegaram a acordo. Para festejar, foram jantar fora. Ela comeu bife do lombo, mal passado, com molho grosso; ele comeu tofu. Deu certo porque, como alguém canta por aí, Ninguém é de ninguém!
Eu também gosto, imenso, de bife do lombo!
ResponderEliminarBjs