Na noite escura, ouvindo o vento forte, sinto surgir um poema. Faz-se de palavras agudas, esdrúxulas, nunca graves. As rimas, brancas, surgem ocultas no ritmo das sílabas certas, ondulantes, movidas por memórias e saudades. O meu poema surge e segue, limitado pelas barreiras dos possíveis, trancado na garganta estreita e calada.
Os verbos, fortes, surgem todos no modo indicativo, apontam o céu, recusam conjuntivos, negam condicionais. A terminar, num verso mesmo solto e livre, vem o grito calado que me dilacera. Não é a hora, como para Pessoa, mas é o já! Já a rima certa, o passo seguro, os dísticos ordenados e a leitura com sentido. Já a certeza de que não sou poeta, ou poetisa, mas que gostaria, tanto muito, de ver surgir um poema assim, irregular e correcto, feito de verdade e agora.
Prof. Luísa, é tão bom lê-la!
ResponderEliminarAquece-me a alma.
Beijinhos
Natércia
Fantastico! Sempre fantastico qd nao te foge a caneta para a cgtp!
ResponderEliminarAdoro-te
Filipa
Uma docura de mulher!
ResponderEliminarMil beijos..