sábado, 6 de outubro de 2012

LISBOA

No Tejo correm veleiros, catamarãs, barcos carregados de turistas, pequenas embarcações com gente jovem, cacilheiros gastos, barcos onde gritam timoneiros, e remos cortando as águas. Da margem, à margem, vejo-os passar.



O Tejo é uma estrada liquida de História, carregada de mil histórias, com significados tecidos de tantas despedidas, muitas lágrimas "Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal", muito amor e paixão também. Vejo casais de namorados, num mundo onde não há lugar para República porque se fecham num reino de afecto, e idosos de olhar perdido. Olho com desinteresse os desportistas de fim de semana, correndo fluorescentes, na busca da saúde talvez eterna (?). Escolho a mesa do canto, folheio o jornal, lembro a Margarida Marante e, pela enésima vez, considero a rapidez da vida, a voracidade do Tempo. Oiço Ricardo Reis no silêncio das minhas memórias, mas recuso ficar à margem do rio. Queria ser o barco em movimento, içar a vela e deixar-me levar, ao sabor do vento, em busca de nenhures, livre e solta de memórias. Queria o carpe diem de Reis, bem formatado na euforia sensacionista de Campos! Queria ter a certeza que, como dizia o Mestre, "Pensar é estar doente dos olhos!"...



2 comentários:

  1. Muito bonita a fotografia e o texto!
    Tu serás sempre o barco em movimento, livre, de velas inchadas à procura! - e nunca ficarás parada num cais qualquer a pensar "na maresia dos dias"!
    Beijinhos

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  2. E não é que eu chorei ao ler isto?
    Beijinhos
    Paula

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