Pega na vassoura e começa a varrer o lixo da sua existência. Num montinho agrupa saudades, noutro (maior) ajeita os cacos que ficaram dos sonhos - tantos! - que se quebraram no choque com a realidade. Continua a tentar por ordem na casa da vida e varre, bem varridas, as promessas incumpridas, os projectos adiados, as esperas eternizadas em juras inconsistentes. Com a vassoura bem firme, dá uma vassourada enérgica na revolta, na raiva, na mágoa que a incompreensão faz enorme.
Vai então buscar a pá e começa a apanhar os montinhos. Quando tudo parece pronto para, definitivamente, entrar no lixo, uma rajada de vento, feita de vida vulgar, espalha de novo os destroços. Senta-se esgotada e decide que, para a próxima limpeza a fundo, irá buscar o vasculho forte. Aquele que consegue arrumar, bem arrumadinhas, as folhas que tecem tapetes no empedrado do jardim!
Era bem bom se pudessemos varrer, sem ser para baixo do tapete, todas essas coisas que fazem a vida...
ResponderEliminarFernando