Circulo pela auto-estrada. O sol, agora mais cansado, afinal o ano está quase a acabar e há onze meses que ilumina a Terra triste, doira o Outono que adoro. Correm vermelhos e verdes, sucedem-se angústias, dúvidas e medos. Canções de Natal vão enchendo o vazio do meu automóvel, mas os campos estão lindos, a vinha vermelha faz-me travar encantada, afastando para longe a dor que me molha o olhar. Reparo numa árvore castanha, alta, e lembro que "quem nunca viu árvores inglesas, nunca viu árvores", pensando que Beresford nunca deve ter circulado por este Portugal de emoções e (des)gosto. Não me cruzo com outros automóveis, não faço ultrapassagens, a auto-estrada cara parece ter sido construída só para mim. (Travo com força a revolta social...)
Acelero um pouco, troco o pensar pelo sentir, lembro a razão de Caeiro "pensar é estar doente dos olhos". Árvores de fruto, maçã de Bravo de Esmolfe, saltam ufanas do meio das vinhas intensas. Ali, na sombra morna da minha emoção, está agora uma maçã azul. Azul do céu de Outono, azul da cor da paz que perdi não sei já onde...
Azul.. a cor da paz... a cor do céu.. a cor do encontro...
ResponderEliminarEstes seus textos, ao sabor do sonho, encantam-me. Não me canso de ler e reler.
ResponderEliminarAntónio
Muito obrigada!
EliminarMaçãs Azuis?! Só se for das envenenadas, da madrasta da Branca de Neve!...
ResponderEliminarCaro Anónimo,
EliminarSorte a sua se só conhece o veneno da Branca de Neve! sorte a minha, que posso pintar as maçãs do sonho com as cores da minha palete de emoções.
Claro, andam por aí, umas outras maças azuladas, mas, mais utópicas do que as da Branca de Neve, criadas pelos piratas da Net! Criam-nas e eles próprios se alimentam delas...
ResponderEliminar