Sabia alisar as pratinhas dos chocolates Regina e fazer lagos brilhantes. Sabia montar o Presépio e arrancar o musgo com cuidado, fazendo tapetes enormes. Gostava de encher a casa de amigos, da mesa coberta de petiscos típicos, de dias de sol com boné na cabeça. Passeava no campo, devagarinho, ensinando-me a distinguir o voo da codorniz do da perdiz vermelha. O meu Pai sabia de cor os caminhos da Serra, os atalhos e as histórias dos muros velhos que me legou em segredo. À tarde, sentava-se na cadeira longa e conversava, copo na mão, petiscando e desfiando memórias e sonhos que sempre tinha. O meu Pai cheirava bem, a colo e mimo, e o casaco verde, onde os bolsos nunca chegavam para guardar os óculos, tinha a forma do corpo dele. Quando iamos à praia, o meu Pai entrava num instante no mar, ainda eu me arrepiava com apenas os pés molhados, e nadava sempre ao longo da areia. Depois, secava-se na toalha larga e vestia a camisa porque a areia picava a pele branca, (de galinha), ria-se ele. O meu Pai acreditava na bondade, na ternura, na verdade e no carinho. O meu Pai gostava de me ouvir, de conversar comigo, de viajar comigo ao volante do seu automóvel, descobrindo lugares novos, Restaurantes gostosos e paisagens mágicas. O meu Pai era capaz de ouvir sem condenar, de perdoar sem punir, de aceitar e de compreender. O meu Pai faz-me falta todos os dias e, sem ele, há um buraco eterno na minha existência.
Este Pai, se estiver de "lá" a ouvir, será o pai mais feliz do mundo!!
ResponderEliminarA filha, também não deve estar tão triste, pois na vida, é assim sempre - as pessoas partem, mesmo que nos sejam queridíssimas e não podemos fazer nada.
Gostei desta homenagem, deste texto...
Um pai assim faz falta a muita gente e deixa, sobretudo, uma imensa saudade!
ResponderEliminarCumprimentos.
Eu sei, eu sei... Um beijinho para ti, lembrando o teu pai. E o meu.
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