A minha homenagem...
Amei Demais
Amei Demais
Madruguei demais. Fumei demais. Foram demais
todas as coisas que na vida eu emprenhei.
Vejo-as agora grávidas. Redondas. Coisas tais,
como as tais coisas nas quais nunca pensei.
Demais foram as sombras. Mais e mais.
Cada vez mais ardentes as sombras que tirei
do imenso mar de sol, sem praia ou cais,
de onde parti sem saber por que embarquei.
Amei demais. Sempre demais. E o que dei
está espalhado pelos sítios onde vais
e pelos anos longos, longos, que passei
à procura de ti. De mim. De ninguém mais.
E os milhares de versos que rasguei
antes de ti, eram perfeitos. Mas banais.
Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum'
todas as coisas que na vida eu emprenhei.
Vejo-as agora grávidas. Redondas. Coisas tais,
como as tais coisas nas quais nunca pensei.
Demais foram as sombras. Mais e mais.
Cada vez mais ardentes as sombras que tirei
do imenso mar de sol, sem praia ou cais,
de onde parti sem saber por que embarquei.
Amei demais. Sempre demais. E o que dei
está espalhado pelos sítios onde vais
e pelos anos longos, longos, que passei
à procura de ti. De mim. De ninguém mais.
E os milhares de versos que rasguei
antes de ti, eram perfeitos. Mas banais.
Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum'
ARS POETICA
ResponderEliminarnão vale a pena ir para a poesia
carregado de desejos e propósitos
basta tomar um homem simples
de entre os que à noite estão vazios
e rezam a qualquer deus sua esperança
basta tomar da rua uma criança
e paulatinamente
extrair-lhe palavras soltas ou conexas
rumo à tristeza de seus olhos
sentir no ventre das mulheres
um íntimo desejo
de semente
em outros latifúndios que o alentejo
o útero em pousio impaciente
basta formar um ângulo recto
com o coração propício
e o sangue erecto
Cláudio Lima
A Foz das Palavras