Quando chego agora ao meu quintal, há um cheiro novo no ar. Há um perfume intenso que, sem dar à existência novo sentido, de certa forma adoça o meu viver. Inspiro intensamente e extasio-me olhando a enorme mimosa que tomba, lânguida, sobre o telhado de minha casa. Não espero nada da grande árvore, como ela nada espera de mim, mas compreendemo-nos no silêncio que a tarde calma impõe. Está ali há anos, firme, sempre recuperando a cor que o inverno lhe rouba, incansavelmente perfumando dias e, por vezes, provocando espirros e comichões. Gosto de ficar lá fora, olhando o amarelo intenso, gozando o perfume que não pago, não compro, e me entontece. Saboreio a bebedeira de sentidos, deixo-me levar nos sonhos livres e sorrio à minha árvore amarela. Ela não sonha nada, não conhece preocupações e, ainda assim, eu creio que me escuta e me compreende. Não sei se é por a árvore ser feminina, se é por ter nome de ternura, se é porque abusa impunemente do perfume, mas sei que esta árvore me ajuda a sorrir nos fins de tarde de quotidianos difíceis.
Lembro Caeiro. Talvez a verdade esteja nele e, de facto, Pensar seja estar doente dos olhos...
Quem bom ter uma Mimosa. Anunciam primavera,Páscoa e tantas outras coisas, relacionadas até, com a infância e as origens.É bom o cheirinho.
ResponderEliminarGostava de ter uma Mimosa...
São lindas as mimosas assim floridas, nesse amarelo vivo e cheiroso... pena são os espirros e as comichões...
ResponderEliminarEu já ando numa de Nasomet e de Kestine.
Cumprimentos.
Muito piores são os espirros e comichões que os nossos políticos nos provocam...
ResponderEliminarNão há Nasomet que valha...
Saudações