Quanto mais velha fico, e fico mais velha todos os dias, mais me surpreendem as pessoas que se gabam de nunca mudar de opinião. Fico espantada, e o direito ao espanto ainda não foi tributado, quando oiço alguém afirmar: "sempre ensinei assim, não é agora que vou mudar", ou "eu penso assim e não me interessa o que digam, nunca mudarei a minha opinião", ou "digam o que disserem, eu acreditarei sempre no mesmo"... Claro que de nada serve o meu espanto. Aliás, de nada serve a minha opinião. No entanto, não consigo deixar de expressar a minha incompreensão perante os detentores de saberes e verdades absolutas. Deve dar-lhes, imagino, uma segurança e uma paz incríveis! Curiosamente, não os invejo.
A mim, acontece exactamente ao contrário. Mudo de opinião se mudam os factos, tenho imensas dúvidas sempre e não possuo nenhum código de vida que me diga, sempre, o que dizer, pensar ou sentir. Mudo de cidade, muda a paisagem, mudam os meus sentires. Saio da Serra e, junto ao mar, sinto uma leveza nova, uma vontade, incontrolável quase, de ser feliz! Chego a Inglaterra e as cores, os linguajares, tornam-me outra também.
Mas, feliz ou infelizmente, não é só o exterior que mexe comigo. Já acreditei em muita coisa, grandes verdades, que hoje vejo como falsidades. Amores eternos? Cumplicidades efectivas? Governos preocupados com as pessoas? Justiça? Já foram, para mim, dogmas. Hoje, são ilusões.
E, ao contrário da velha canção, "Não é bom viver de ilusões!"
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