Propositada e conscientemente, vou deixar de lado as coroas de flores, os Jerónimos, as condecorações, os discursos de circunstâncias e o repetido (e gasto) modelo oficial das comemorações do Dia de Portugal. Com mais ou menos cagadelas dos cavalos (lindos) da GNR ali no Jardim de Belém, tudo se repete desde que me conheço sem que, creio, algo tenha mudado por causa disso. Deixá-los pois, a esses que são políticos, nas suas festividades engravatadas, fechados nas sua conversas de surdos.
Dia de Portugal! Dia para lembrar um país que, a cada dia, entristece e murcha.
Camões, no Canto X de Os Lusíadas, dizia "Não mais, Musa, não mais (...)", num lamento cansado, não de elogiar os grandes, mas de cantar a gente surda e endurecida. Quatrocentos anos depois, Pessoa terminava a Mensagem com um apelo "É a Hora!". Pelo meio, Eça desnudou este país de hipocrisias e imitações, Camilo retratou a essência deste povo que somos nós, e o país continuou, cantando e rindo, na sua caminhada para o abismo. Aconteceu a Revolução, festejámos a Liberdade, logo nos deixando prender nas teias das dependências; veio a Europa, um mundo de oportunidades (?) e vimo-lo como um financiamento a loucuras individuais. Sucederam-se os governos, manteve-se o circo.
Hoje, em 2012, talvez fosse pertinente olharmos Portugal através das letras dos nossos autores - os Grandes - e refazermos um percurso que, penso eu, exige um olhar muito atento às cartas de navegação.
Dia de Portugal! Dia de esperança, quero crer, mas, obrigatoriamente, dia de seriedade e de olhar no presente em vez do eterno futuro adiado. "É a hora!"
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