No decorrer do programa de português do 12º ano fala-se dos heróis. Lembram-se os construtores da nacionalidade, os reis que matavam mouros às centenas, os que morriam pela palavra dada, os que partiam (e os que ficavam) durante a epopeia dos descobrimentos, o jovem D. Sebastião que ainda hoje tanta falta faz... Fala-se, também, nos anti-heróis, claro. E comentamos que se pode ser herói e maneta, (o Baltasar de Memorial do Convento não tinha a mão esquerda), que para se ser herói o aspecto exterior não tem nenhuma importância.
Ora, ontem mesmo, concluí que não falei verdade aos meus alunos! Não lhes disse que, hoje, os heróis usam calções, dão autógrafos e falham golos; não lhes disse que o importante é mesmo a imagem exterior, a aparência, o marketing feito em torno da "coisa". Foi isto que aconteceu, e está a acontecer, com a nossa selecção! Com os nossos heróis. Compreendo que é preciso distrair-nos de um quotidiano trágico, de um futuro aterrador, mas, acho eu, não era preciso exagerar tanto com o futebol.
O país parece louco em torno dos jogadores, as televisões fazem constantes directos, a marginal pára para que corram os portugueses pela selecção. Não deveria ser a selecção a correr? A jogar? A marcar golos?! Estes jovens jogadores, de fato de cerimónia desenhado pela Fátima Lopes, deslocando-se de Ferrari, são os heróis dos nossos dias.
Como Matilde de Melo, em Felizmente, há Luar!, apetece-me perguntar se não seria mais fácil, mais justo, mais humano, ensinar aos nossos filhos, logo de pequeninos, a cuidarem mais do fato do que da alma?...
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