Quando se viaja, quando se muda de cenário, de cheiros, de temperaturas até, tudo parece ganhar um novo sentido. Ou melhor, tudo parece ganhar sentido. A rotina, essa que nos sufoca e prende, fica longe e à distância nada nos assusta. Quem tem medo do leão que vê na savana, sentado no conforto do seu sofá e podendo, com um clic, mudar de canal?! Longe de casa, também parece que se existe como se se vivesse outra realidade. A mim, de longe, o mundo parece-me quase sempre possível e existir torna-se uma tarefa quase fácil. Olho as pessoas nas ruas, sempre me surpreendo com a imensidão de chineses captando imagens, e imagino vidas alheias. Às vezes, imagino casais felizes, preparando futuros, sem desconfiarem do futuro e centrados, apenas, no agora que tecem de ternura. Outras vezes, imagino homens solitários, tomando um café enquanto concluem relatórios nos imprescindíveis IPad's. Imagino que já tiveram presentes a dois, noites quentes e sonhos partilhados. Ponho-me a pensar como será viver assim, de um lado para o outro. Gostaria de viver assim? Não creio. Gostaria de viver "como se". Como se não houvesse amanhã, como se não existissem saudades, como se não houvesse passado, como se não houvessem palavras azedas, como se todos os impossíveis fossem verdades.
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