Chego à escola e encontro colegas colados ao ecran do computador, fazendo contas. Entro na secretaria, e a cena repete-se... Toda a gente, ou quase, faz contas. Tenta-se perceber qual será o valor do roubo, tenta-se descobrir na matemática uma forma de resistir ao assalto de que somos vítimas. Sim, é roubo! Pois que outra coisa podemos chamar aos descontos e retenções absurdos, aos aumentos astronómicos dos impostos?!
Face a este roubo indigno, mas consentido, os olhares escurecem e o futuro apavora. Eu tenho a certeza que este não é o caminho certo, mas de nada interessa o que eu penso porque ninguém me ouve...
Ora, cansada de falar a gente surda e endurecida, tento encontrar formas que me permitam alguma paz. Por isso, gosto cada vez mais de ver a Gabriela que, infelizmente, está a chegar ao fim. Não é a sensualidade cheirosa da personagem principal, a maldade refinada de dona Doroteia, ou sequer o curioso sentido de justiça dos coronéis (há tantos por aí...) que me encanta. Mais do que de todas estas personagens, gosto do Fagundes! O Fagundes é um jagunço sujo, de tiro certeiro, capaz de amar alguém mais do que a si mesmo. O Fagundes, uma personagem humilde e quase selvagem, devolve-me a ternura e a entrega que não encontro na vida real. Para proteger a Lindinalva, para que ela possa ser feliz com outro, Fagundes vigia, protege, mata. Ainda que ela não o queira, ele quer a felicidade dela e, por isso, está atento e protector, sempre!
Ah! Eu queria um Fagundes só para mim! Queria, neste tempo particularmente duro, poder contar com a protecção desinteressada e total, em vez de olhar cada amanhã com a alma encolhida e os sentires encarquilhados! Talvez, afinal, o Fagundes seja o anjo da guarda de Lindinalva e, acho eu, todos deviamos ter direito a um anjo da guarda jagunço porque os outros, os de asas brancas e sorriso celestial, não têm sido eficazes...
É verdade, os de asas brancas, celestiais, sejam anjos ou arcanjos, não nos têm valido de nada...
ResponderEliminarTodos procuramos um Fagundes de quem possamos sentir o ombro que nos acolha, a sombra que nos pacifique, o calor que nos aqueça, o apoio que nos equilibre...
Fagundes, ó Fagundes, onde andas tu?
Oh setôra, lembra-se de cada uma! Eu não queria um jagunço atrás de mim...
ResponderEliminarAna S.
Seprocurares bem e com calma, vais ver que encontras um Fagundes.
ResponderEliminarEu encontrei!!