Era sempre assim. Ela chegava primeiro, sozinha, para arranjar a casa; eles vinham depois, enchendo tudo de vida, de netos, de agitação e palavras. Aquela casa, ali, no alto de Moledo, com o mar aos pés, era o seu refúgio. Para ali viera quando o casamento ruíra, de repente, sem que ela tivesse percebido que tudo se estava a desmoronar. Por aquela casa brigara, impusera a vontade, exigira ficar com o espaço que criara a dois e, agora, era singular. Dali via o rio, o seu rio Minho, abraçar o mar e nele morrer. Talvez ela também morresse assim, mergulhando na imensidão. Olhou o longe. Como gostava daquele horizonte, daquela possibilidade de olhar por cima das copas das árvores, do cheiro da sua casa vidrada e cheia de ausências sempre presentes. Uma buzina assustou-a. Chegava a vida que, não sendo a sua, lhe dava cor à existência.
Escreve um livro! Estes teus textos são fabulosos.
ResponderEliminarBeijinhos Fernando
Gostei setôra. Tenho andado cheia de trabalho mas venho sempre lê-la, mesmo sem comentar. Que saudades das nossas aulas...
ResponderEliminarAna
Gostei muito, Luísa. Poucos sabem falar como tu de certos momentos, dos que se foram para não voltar e só na nossa imagem permanecem...
ResponderEliminar"Olhou o longe. Como gostava daquele horizonte, daquela possibilidade de olhar por cima das copas das árvores, do cheiro da sua casa vidrada e cheia de ausências sempre presentes."
Enquanto os lembrarmos, não morrerão... E, quanto às outras vivências, creio que tudo se pode recomeçar de novo! Um beijo e coragem para o 3º período!
Uma descrição real.. Lindo!
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