Acabara de chegar. Trazia ainda na pele o gosto das férias diferentes, das ousadias partilhadas, dos impossíveis feitos realidade. Há quantos anos não vivia um dia assim? Um dia de regresso feliz, descontraída, carregando na mala dos afectos peso superior ao que carregava a mala de rodinhas. Claro que tinha chegado ao fim o sonho, que iria trabalhar no dia seguinte, mas nada, nem ninguém, lhe poderiam já roubar os momentos fantásticos que vivera, a dois, no tempo passado nas montanhas. Sempre ela descansava na neve. Desde muito jovem que a cor, o frio, a aventura das descidas lentas, a adrenalina das rápidas, os cafés tomados no cheiro de madeiros grossos a arder, faziam parte das melhores memórias. Mas, desta vez, fora diferente. Fora um desafio, uma paixão que se concretizava depois de uma espera intensa, quase parecendo eternamente adiada. Lá, com o rabo molhado nas telesillas, lembrara outros rabos molhados, outros momentos, e vivera, com verdadeira felicidade, um sonho realidade. Agora, olhando o saco com as botas de ski ainda na sala, a mala aberta mostrando as camisolas quentes, adiava o arrumar na tentativa de prolongar a sensação de leveza que a invadia.
Às vezes, é tão fácil ser feliz.
Muitas vezes basta sonhar....
ResponderEliminarMas acho que, só sonhar, não enche a arca de emoções nem a vida de sentires. Por isso o bom será juntar o sonho à realização.
Vamos a isso?
Cumprimentos.
Ah !!... A Setôra com o rabo molhado, com ousadias partilhadas, ...e que ainda trazia na pele o gosto,e etc ...
ResponderEliminarDescidas lentas e adrenalinas das rápidas? Ai jasus! - Quem seria o felizardo?
Que inveja...
Que bom, com certeza! Fiquei contente!
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