"Já não tenho palavras//Gastei-as a negar-Te" - Diz assim Miguel Torga falando de Deus. Recordo estes versos muitas vezes, não em relação ao Deus negado mas face à vida que me fere. Parece, sinto, que se esvaziaram de sentido, que se tornaram ocas e moles, as palavras do meu protesto, as frases da minha indignação. Sophia dizia "este é o tempo dos chacais", mas, hoje, eu sinto que até os chacais abandonaram este tempo de vazio. Este é o tempo do nada. O tempo de violência e nonsense, o tempo da solidão mascarada, da humanidade castrada, das emoções sufocadas. Este é o tempo em que as pessoas não são humanas e, como números, se tornam pedras em mãos cruéis sendo, por isso, atiradas de um lado para o outro sem respeito nem cuidado. Neste tempo, os funcionários podem ser deslocados (deslocalizados - em politiquês) sem respeito pelas famílias, pela estabilidade, pela vontade própria. Este é o tempo onde as palavras não comunicam, porque não há comunidade! Este é o tempo do pó e dos seres rastejantes e traiçoeiros. Este é o tempo em que até as palavras se calam.
Em mim, rasgam-se silêncios mudos, sucedem-se páginas negras onde as letras já não brilham.
Tenho esperança que um dia, quando?, as palavras voltem a ser escutadas, as emoções libertadas, as letras voltem a brilhar!
ResponderEliminar"É só uma questão de persistência na esperança, de crença na determinação e coragem no padecimento Tudo passará e novos tempos chegarão". (Profeta Isaías, in Q. da Prosa).
Cumprimentos.
Eu, acho que não é bem assim. Penso que se usam mais que nunca, as palavras escritas e lidas. E é pelas palavras escritas e lidas, que sabemos mais uns dos outros, e por consequência, se vive mais rápido, mais ao sabor da velocidade generalizada que foi criada no mundo de hoje.
ResponderEliminarDigo eu..., tudo roda,e, principalmente em trabalho,pelas palavras escritas, e escritas à velocidade do (TGV),ainda que não tenhamos dinheiro.
Palavras existem, podemos é, com tanta velocidade com que temos que as escrever, ultrapassarmos o próprio Mundo e nem darmos conta disso!! Esquecermos-nos de olhar e apreciar o Mundo Natureza!
Mas as emergências do Governo, teremos que nos sujeitar mais um pouco, pois realmente existe uma situação grave, e as soluções, com a rapidez que têm de ser tomadas, não tem sido as mais certeiras, mas pode ser que seja o caminho possível.Isto há-de ser transitório...e haverá de passar...?