terça-feira, 20 de agosto de 2013

ENGANO

Ao longe, comprido e de ponta levantada, sugeria um crocodilo. Ela caminhou até lá e ficou olhando. Estranha peça de ferro, solta, ali na areia, lembrando outras vidas, outras existências. Devia ter servido num navio, decerto, mas agora era lixo na praia, lugar de mexilhões e lapas, ameaça para os veraneantes. Estranha a forma como tudo, pessoas e coisas, perdem sentido, perdem os lugares onde pertencem. Como aquele crocodilo forjado, ela sentia-se deslocada, com espaço para crescerem os mexilhões da solidão, com lugar para se agarrarem as lapas da tristeza intensa. Como a velha peça abandonada, também a ela apetecia ficar ao sabor das ondas da vida, sem escolhas obrigatórias, sem necessidade de crer. Talvez na sua alma houvesse caruncho de ser...

4 comentários:

  1. Luisinha, tenho a certeza que na tua alma não há caruncho! Conheço-te bem! Obrigada pelos momentos de boas leituras

    Teresa

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  2. Qual caruncho na alma , qual quê...?
    Aquele ferro carunchoso provém do Titanic ainda!
    Não sei para que lhe serviu a viagem de veleiro caramba! ..., com essa coisa do Kirk Royal que eu nem sei o que é...
    Onde está o espírito de aventura, o romantismo?!

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  3. ...(afinal é Kir Royal e não Kirk). Não sei por que é que mudou da caipirinha ou do champanhe.É o que dá andar sempre com «inglezisses»...depois dou erros...

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  4. O Kir Royal, pela mistura, deve bem valer a pena, para uma ocasião especial...
    (Afinal nasceu em Framça, Dijon, em 1904, pelas mãos de um político chamado Félix Kir - este político, pelo menos, fez alguma coisa que merecesse a pena!)

    (Nestes blogues de Professoras temos que levar ou trazer a lição bem estudada...)

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