sábado, 17 de agosto de 2013

ESTÓRIAS INVENTADAS

Depois de um dia de praia, e mesmo tendo tido muito cuidado com o sol, ainda que tivesse refrescado a alma com uma caipirinha gostosa, sentia a pele a estalar e a alma mole.
Tomou um duche quase frio, deliciou-se com os cremes que espalhou sobre o corpo e deixou-se ficar, por vestir, sobre a cama estranha. Lá fora, as ondas continuavam certas, umas atrás das outras, agora sem presenças incómodas. As gaivotas gritavam, talvez protestando contra a multidão que começava a encher as dunas e as esplanadas da marginal concorrida, e ela semicerrava os olhos pensando no sabor das férias. Era bom poder estar assim, sem tempo imposto, sem rotinas, deixando apenas que a vida se cumprisse naquela mornice cheirosa. Em breve, sem pressas, iria vestir-se.
Um vestido longo, fresco, sandálias rasas, um rabo de cavalo juvenil. Como adereço, apenas o anel, simples, brilhando ligeiramente, devolvendo-lhe outras vivências, outros momentos de felicidade que agora pareciam querer repetir-se. Estava feliz, sim! Lembrava, a propósito de coisa nenhuma, o título de um livro:"Mulheres que escrevem, vivem perigosamente" e sentia-se capaz de escrever outro, diferente, sob o título: "Mulheres que sentem, podem ser felizes". Sabia-lhe bem a felicidade descontraída e antegozava o prazer, que sabia certo, da dança que faria em breve nos braços cúmplices que a aguardavam. Se era feliz? Talvez sim, talvez não. Mas estava feliz e, com certeza, a felicidade é um estado passageiro...

1 comentário:

  1. Era feliz sim! A felicidade vive-se no momento da recordação dela... (Era o Pessoa, não era?)

    Ana

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