O ANANÁS ROXO
Nos últimos anos de férias no Algarve com o meu Pai, a província de D. Afonso III estava muito diferente do ano de 1960, quando começamos a ir para lá no mês de Agosto. Nos restaurantes não gostavam muito de portugueses, a simpatia era pouca e os preços, muitas vezes, incrivelmente exagerados. A um desses restaurantes, bem situado na então recente Marina de Vilamoura, era mais ou menos frequente, uma vez por ano, irmos jantar em família. Lá, o peixe era sempre fresquíssimo e a paisagem soberba. Uma noite, talvez aí em 1989, lá foi a família jantar ao dito local. Tudo tinha mudado! O serviço era péssimo, a antipatia muita e o peixe pouco fresco. Só os preços exagerados se mantinham. Chegados à sobremesa, e já depois de muitas reclamações e protestos, o meu Pai pediu ananás. Apareceu uma rodela negra, num prato branco.
Chaminés algarvias |
Foi a gota de água. Sem que o esperássemos, o meu Pai pediu para chamarem o dono, identificou-se como médico (o que era verdade), disse que o meu irmão também era médico (o que também era verdade), e acrescentou que fazia parte da inspecção sanitária (o que não era bem verdade, embora trabalhasse no Centro de Saúde). Mostrou o seu desagrado e disse que ia denunciar a situação e, possivelmente, fazer fechar o restaurante. A aflição do proprietário do espaço não tinha tamanho! Bem mais vermelho do que a lagosta suada que impingira à mesa vizinha... A discussão foi dura, o meu irmão a ajudar, e até foram visitar as instalações da cozinha!
No final, saímos quase ao colo do dono e o jantar foi "oferta da casa".
Há dois anos voltei lá. Está tudo igual, incluindo os preços exagerados. Não pedi ananás...
Nem vale a pena, porque o que lhe vão servir será, muito certamente, uma rodela de abacaxi....
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