O pretexto era a gasolina barata na fronteira, a razão real a necessidade de conversa, de desabafos, de conversa cúmplice. Há quantos anos eram amigas? Mais de 40? E lembravam uma data, escrita num livro de receitas, num aniversário dem 1970... Tempo imenso, longínquo, que trazia lembranças das primeiras descobertas de afectos, das aulas no velho Liceu, das descidas apressadas pela gasta rua do Comércio. Hoje, o caminho fazia-se de automóvel, com a luz da reserva a acender, numa estrada emoldurada de papoilas, de giestas, de rosmaninho de intenso odor. A conversa ia rolando sem pausas: - Os filhos, os netos já, o tempo, o trabalho, a crise, os companheiros de vida, as viagens, as mães velhotas e exigentes, as rugas também. Depois, a paragem e o jantar gostoso, a esplanada e o café prolongado sob as estrelas e Vénus visível. Ela falou dos astros que já sabia identificar, e ela riu-se da inutilidade de tal saber. Sim, era melhor que soubesse de outras orientações, daquelas que nenhum IPad identifica por mais moderno que seja. Tentando dormir, refazia o trajecto, recuperava as palavras amigas. Sim, a amizade pode ser eterna. E o amor?
O amor também é para sempre!
ResponderEliminarDe certeza que sim!
Cumprimentos.
reconhecer os corpos celestes, preciosas ajudas para a arte de bem navegar..
ResponderEliminaro amor rega-se, vai-se alimentando e até já há nutrientes que se põem na àgua para que fique sempre viçoso..
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