Fim da tarde, anúncio de uma noite quente, afinal é Verão!, e a lua a surgir, promissora, no céu português. Tão azul... O céu abraçando o mar, trazendo-me, no silêncio agora de madrugada, no momento da reconstrução da emoção vivida, a certeza, ou o desejo dela?, da possibilidade de luz mesmo no profundo do escuro.
Vi esta lua sobre a praia, no momento em que o dia se despede e apenas os mais resistentes permanecem na areia. O mar estava muito calmo, bem perto a irresistivel baía de Cascais e, dentro de mim, um desejo de confiança urgente, uma vontade incontrolável de acreditar em todos os impossíveis e de agarrar a existência pelas orelhas. O mar. Tantas vezes me acompanhou nas madrugadas de insónia, no Algarve, na varanda da Rocha; na Serra, no amarelo da minha casa; no quintal, no ramalhar doce da minha nogueira. Ontem, há poucas horas, a surgir manso e sedutor, espelhando a lua, roubando-me o sono e devolvendo-me Pessoa: "Deus, ao mar o perigo e o abismo deu//Mas nele é que espelhou o céu". Teria Pessoa razão? Será preciso sofrer para poder desfrutar da felicidade? diz o Poeta que foi preciso passar além do Bojador, para passar além da Dor...
O mar a ser, também, confidente e amigo.
ResponderEliminarO mar do Pessoa, o mar da Sophia, o mar salgado, o mar das lágrimas, o mar das partidas mas, também o mar doce, o mar da esperança, o mar da confiança...
O mar é como o viver, traz e leva tudo.
O bom será deixar nas redes da vida, o melhor pescado, o mais saboroso, o de boas recordações...
Cumprimentos.