sexta-feira, 5 de agosto de 2011

À volta da Volta

Aviso desde já os meus eventuais seguidores de esquerda, que não avancem na leitura. Ou, se avançarem, preparem-se para recuperar o vosso mais violento vocabulário para me insultarem. Ainda assim, cá vai ...
Eu sempre votei à Direita, acredito que Deus existe, vou à missa nos domingos (quase sempre), discordo dos casamentos homossexuais e acredito, convictamente, na singularidade do ser humano. Não sou feminista, nunca fui, e sempre achei um disparate a ideia de se queimarem soutiens como sinal de libertação. É que eu até acho que o soutien é uma peça muito confortável e prática. Pessoalmente, defendo que o companheiro ideal, (se marido, perfeito!), é aquele que nos deixa passar primeiro na porta do Restaurante, que nos abre a porta do automóvel e que está sempre disponível para, ainda que dizendo por vezes "dá uma ajudinha", consegue remover os calhaus que encontramos no quotidiano da nossa vida! Ora, assente o ponto de que nenhum resquício de feminismo me assalta, vamos ao que motivou este texto.
Ontem, no telejornal, transmitiram o fim da 1ª etapa da Volta a Portugal em bicicleta. Um ciclista, todo suado, com aquela indumentária pirosa (as cores, o tecido, tudo é FEIO) colada ao corpo, subiu ao podium e foi recebido por duas moçoilas sexy. As ditas meninas, com umas roupinhas ousadas e coladinhas aos corpos magros e sensuais, pespegaram dois beijinhos nas bochechas do vencedor. Ele, parecendo um pouco enfiado, recebeu as beijocas com o pouco á-vontade com que vestiu, por cima de todo aquele suor, a camisola amarela. Fiquei enojada e revoltada! Acordem, mulheres!! Haverá imagem mais humilhante para uma mulher do que ser considerada o prémio para um indivíduo que, em pleno mês de Agosto, prova a sua masculinidade vestido de amarelo e suando pelas estradas de Portugal?! Não estaremos perante um acto de verdadeira exploração da mulher do século XXI?? De repente, veio-me à cabeça a história, julgo que verdadeira, passada em casa de Obama quando, depois da vitória eleitoral, depois dos parabéns efusivos, Michele lhe lembrou que, no dia seguinte, era o dia dele levar as filhas à escola. Isto sim, é igualdade!!
Eu não gosto de ciclismo, admito. Mas convenhamos que as meninas que surgem nas provas de Fórmula 1, ou mesmo nos Rallyes, não têm o ar de prémio vulgar que ostentavam as jovens que ontem vi na televisão... Com tantos soutiens queimados, não haverá ninguém que liberte as moçoilas desta exploração vulgar da sua condição de fêmeas prémio de macho alfa??

2 comentários:

  1. Caríssima Luísa!
    Como me provocaste, aqui vai: nunca votei à direita, não acredito que deus exista, não vou à missa e discordo de casamentos (homo ou hetero)!...mas acredito, convictamente, na singularidade e na liberdade humana! Assim, proponho cenas iguais em todas as ocasiões: meninos pirosos, sexy q.b. à chegada ao podium de todas as competições femininas, até nas de ciclismo, que tb não gosto...essa é a Liberdade e Igualdade em que acredito. NÃO à discriminação ou preconceito, mesmo para situações kitsch ou incompreensíveis para mim...
    bj
    ana

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  2. Plenamente de acordo consigo. Faz pena ver aquelas cenas e quem as aprove!

    Como a Luísa, permita que a trate assim, também acredito em Deus, também sou de Direita e vou à missa as vezes que posso e também discordo dos casamentos de homossexuais e comungo da mesma opinião sobre a singularidade humana.

    Por isso somos todos diferentes, cada pessoa na sua individualidade e, necessariamente, nos sexos: os homens são de Marte e as mulheres são de Vénus!

    A mulher tem que ser Mulher e não prémio de nada. Sou apologista que as mulheres precisam de mimo, de ternura, de quem lhes abra a porta do carro, ou as deixe passar primeiro quando se entra num qualquer locar, como bem disse.
    As mulheres não podem ser prémio porque elas sabem quem devem premiar, sabem a quem dar afectos, assim como quem beijar.
    Penso que aquelas moças, ali, não passam de meras mercenárias da má feminilidade, na busca de popularidade, de sonhos de revistas rosas, de exposição...
    Gostos, ou maneiras de ser!
    Cumprimentos.

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