O sol abrasador, cansado, mergulha devagar na água espelhada. Começa por molhar um raio laranja, depois um vermelho, depois os amarelos e, finalmente, o corpo de fogo mergulha lentamente. Da esplanada, envolta na conversa que a amizade verdadeira deixa solta, assisto ao final de mais um dia. Como se desistisse, como se o próprio Sol dissesse que chega, que quer paz, que precisa de desaparecer e lavar a alma também, as horas escorrem deixando vir a noite de luar. A água pára. Não há remos, não há ski, não há gritos de crianças. No Maranhão, no meu Alentejo, a paz acontece.
Desejava agora ser artista e poder, com pinceladas certeiras, guardar este momento. Não me apetecem as palavras cansadas, sequer as sábias que, num outro Maranhão, António Vieira gritava a ouvidos surdos. Hoje, agora, não há palavras mais para além da conversa das aves e dos peixes. O meu Alentejo está coberto de ouro, o céu carregado e intenso, e o contraste faz-me ainda mais insignificante. Lembro o mar, a imensidão, o impossível. E vejo a terra que é minha, que piso, que me suporta os passos inseguros, pesados, cansados ou esperançosos. Este é o meu mundo! Esta é a terra que me enche o olhar, que me embrulha os sentires, que me acolhe as confissões.
Ah! Alentejo! Terra de sol e de sangue, de ontem e de amanhã, de promessas e mistérios. Ah! Eu sou de cá!
Quase me apetece desejar ser do Alentejo...
ResponderEliminarMas não...
Também gosto da minha Beira. Não o sei é escrever tão bem.
Lindíssimo texto.
Um abraço
Este é o NOSSO Alentejo.
ResponderEliminarE ainda bem que é de cá!, que não emigrou, que continua a encher os olhos e a embrulhar os sentires nesta terra linda de encantos e de sonhos.
Cumprimentos.
Eu também! O Alentejo que tu descreves é lindo e é o nosso e de quem quiser...
ResponderEliminarFizeste-me saudades!
um beijo