Nos baloiços da minha infância, a nogueira grande faz sombra. Há no chão muitas nozes (teremos de as apanhar), mas para lá do muro de tijolo amarelo há vida livre. Sento-me na tábua gasta, enquanto o sol não parte, e lembro-me do tempo em que dava balanço para tentar tocar nas nuvens com os pés. Então, tocar nas nuvens era o meu desafio mais impossível. Ainda não tinha aprendido que, às vezes, há nuvens na cabeça!
Agora, enquanto sinto um ventinho fresco, quando adivinho no ar o cheiro a terra molhada que anuncia chuva, olho menos para o céu e mais para a terra. Reparo na desordem da velha vinha, nas ervas que crescem, nos tufos de giestas que, acho eu, devem dar abrigo a muitos bichos incómodos. Há covas, decerto feitas pelos cães, e molas da roupa que sempre insistem em saltar do arame. Seria engraçado se, como as ervas, as molas germinassem. Imagino uma árvore de plástico, cheia de molas coloridas fazendo de folhas. Rio-me da minha própria loucura, e desconfio que o tempo de abandono que deixou agreste a velha vinha, fez, também, estragos em mim. Ainda assim, sabe-me bem o gosto da gargalhada, o afago do vento fresco e o perfume intenso da chuva anunciada.
Sabe bem cheirar os aromas da natureza e, melhor ainda, saber interpretar esses cheiros.
ResponderEliminarOlhar a terra, perscrutar os céus, cheirar o ambiente... foi assim que me ensinaram os mais velhos a interpretar a natureza, os prenúncios do tempo,agora que o Setembro se aproxima com as chuvas e as trovoadas do fim do verão.
Cumprimentos.
Vem aí o Outono... Na tua Serra é lindo!
ResponderEliminarbjs