No Diário de Simone de Beauvoir lê-se "Não nascemos mulher, tornamo-nos mulheres". Talvez ela tenha razão. Não sou adepta do determinismo e, também por isso, concordo com a minha companheira de insónia. De facto, não nascemos com uma essência pré-definida e a nossa existência é todo um longo, e doloroso às vezes, processo de construção. Acreditando na certeza de Simone de Beauvoir, às mulheres exige-se (ainda) mais do que ao homem, no feminino a vida é mais dura. Não sei se será assim. Acho que, nos dias de hoje, e tendo como padrão (sei que não é modelo...) a sociedade ocidental, ser pessoa é a tarefa mais árdua, independentemente do sexo. É difícil sobreviver humano ao capitalismo desenfreado, à relativização dos valores, à destruição de pilares que sustentaram, durante séculos, uma sociedade. Não quero acreditar em fatalismos, em apocalipses anunciados, nem sequer defendo que o antigamente era melhor do que hoje. O que me assusta é a dificuldade, que eu sinto cada dia maior, na construção de uma identidade própria. No fundo, o que significa tornarmo-nos mulheres? É enfrentar mais adversidades? É ser mãe? É ser profissional? Não sei. Sou mulher e não sei definir-me. Conheço a dor da solidão, sei de cor o silêncio, trato por tu as dificuldades, tenho longas conversas com a lua, mas não sei se, sem românticas considerações, é isso me distingue de um homem. Nas Viagens na Minha Terra, Garrett cria uma discussão entre os campinos e os homens do mar, onde se discute quem é mais corajoso: - se aqueles que enfrentam os touros, se os que enfrentam o mar. Se houvesse um terceiro interveniente feminino, ganharia a discussão: - Mais corajosa é a mulher, que enfrenta o homem que encara o toiro e aquele que vence o mar!!
Ser mulher é ser diferente, sem dúvida. E ser homem, também. Quando calha, e o vento está de feição, duas diferenças fazem uma igualdade e, então, a vida, a de verdade, acontece.
Hum... pensando bem, talvez a diferença fundamental entre ser mulher ou ser homem seja a capacidade de resistência e a tenacidade. Uma mulher constrói-se, como diz Simone de Beauvoir; vencendo batalhas sem usar armaduras, digo eu.
Ninguém nasce com livro de instruções, ninguém recebe um código de predestinação, ninguém sabe como será o amanhã.
ResponderEliminarAs mulheres e os homens são, necessariamente, diferentes: não só, obviamente, pela anatomia, pela biologia ou pela função.
A Mulher é mais tenaz, mais lutadora, mais corajosa, mais resistente, mais persistente. Mas não é só isso: a mulher sabe melhor o que é a tolerância, o empenho; mas sabe também o que é dedicação, a entrega; a mulher tem colo.
Mas, o melhor de tudo é quando, como diz, o vento está de feição e a vida acontece, não porque a mulher e o homem se tornam iguais, mas porque se completam, se entendem, se querem e, acima de tudo, porque acontece amor.
Esta receita resultou em pleno na minha vida. Na sua não?
Cumprimentos.
Querida Luísa, escreveste coisas muito importantes!
ResponderEliminarO que se tem dito/escrito da mulher, o que se tem feito à mulher quando ela quer "igualar" o homem, e o que continua a haver de machismo nesta sociedade ocidental (que tanto critica as outras...no que diz respeito à mulher). Tanta conversa fiada.
Gostei desta tua afirmação: "Mais corajosa é a mulher, que enfrenta o homem que encara o toiro e aquele que vence o mar!!"
Puseste o dedo numa ferida. A mulher tem sempre de "enfrentar" qualquer coisa e não pode recuar!
O encontro? O amor? Sem dúvida uma grande ajuda para esses diferendos todos.
No respeito das diferenças sempre, sejam lá elas quais forem, dos dois: Mulher e Homem.
beijinhos
Esperemos que o encontro
Olá Luísa
ResponderEliminarandei a espreitar o seu blogue e gostei muito do que vi. Vai passar a fazer parte do meu "roteiro" de visitas diárias.
Um abraço
Mãe,
ResponderEliminarAbsolutamente fantástico!
Podes enviar-mo por mail para eu poder guardar?
Adoro-te
Filipa