Quando nascem, indefesos e frágeis, tiram-nos o sono com gemidos fora de horas. São as cólicas, as noites que se perdem embalando-os, afastando os medos e os temores. Depressa demais, crescem. Ganham autonomia, fazem escolhas e nós ficamos vigilantes, agora nós os indefesos, incapazes de fazer a transferência da nossa experiência, sem poder para travar e impedir os trambolhões da existência. No entanto, seja em que idade for, o cordão umbilical continua ligado, de pouco serve a tesourada que lhe dão à nascença, o cordão permanece ali, unindo-nos para sempre aos nossos filhos. As dores deles doem na nossa pele, doem fisicamente até, dilaceram por dentro. Não se deixa nunca de ser Mãe, e Pai, e parece que quanto mais crescidos são os filhos mais intensas as nossas dores. Às vezes, acho que me apetecia ter o dom de fazer as minhas filhas voltarem a ser bebés, poder pegar-lhes ao colo e fechá-las no meu casulo protector. O cordão umbilical invisível é forte, eterno, e continua deixando passar todos os alimentos. Só que, agora, são os alimentos da alma que passam e vêm dos filhos para os pais e vice-versa.
Na verdade o cordão está lá, apesar de cortado, apesar do encerramento do umbigo.
ResponderEliminarDesaparece dos olhos, mas fortalece-se na invisibilidade dos afectos, do amor, da cumplicidade.
Por isso faz passar as dores, as preocupações, mas também as alegrias, os consolos...
Inevitável a ligação, mas inevitável a autonomia, inevitáveis os conselhos mas inevitáveis as escolhas, inevitável a transmissão da experiência mas inevitáveis as decisões...
Cumprimentos.
O cordão umbilical pode ficar ligado eternamente, mas de um modo flexível, maleável, "quanto baste", pois os filhos têm de aprender a voar sozinhos, a dar as quedas que os pais ou mães deram, levantarem-se também e retomarem outra vez o caminho, chorarem tal como o pai ou a mãe... e já é um dom de Deus e uma grande consolação saberem que o pai ou a mãe estão cá ainda para os encorajar e mesmo dar uma reprimenda de "chamada de atenção"...misturada muitas vezes com as lágrimas solidárias...É a lei da vida ...e:- «Filhos criados trabalhos dobrados» ,outro ditado certeiro.Também quer dizer quo o cordão umbilical jamais se cortará...
ResponderEliminarEntão, penso eu, a mãe, para se confortar, ficar mais desaflita, deve também pensar que também quis decidir na sua vida, por ela própria...e que também quis apesar de tudo, assumir as responsabilidades...e é isso que faz a história de uma pessoa, de uma vida...
Tudo tem remédio, com o tempo...
Penso eu...
Eu queria ser outra vez pequena para caber no teu colo onde sempre me senti protegida. Como agora. Agora precisava do teu colo e de não sair de lá.
ResponderEliminarSerás sempre o meu refúgio.