terça-feira, 7 de agosto de 2012

A Portagem

Quase a medo, o rio continua a correr sob a velha ponte romana. Lá longe, no cimo do monte, está Marvão. Atravesso a pé a ponte, imagino outros passos, sandálias romanas, e sorrio à ideia de um centurião observando os corpos semi-nus daqueles que, agora, procuram a água fresca do rio.
Já não se paga portagem, a Portagem modificou-se e, agora, sedutora, oferece o abraço refrescante que lembro desde a infância. É bom pisar a terra minha, sentir carregar a energia telúrica e sentir que, apesar de muitos pesares, há raízes que nos definem, lugares que nos identificam. À minha passagem as pedras gastas não gemem, as flores não mudam de cor, as rãs não calam o coaxar ansioso. Tudo permanece igual, tranquilamente igual, assegurando-me, no silêncio de mil ruídos, que faço parte desta terra onde, agora, refresco o sangue cansado.

2 comentários:

  1. Tive saudades da Portagem... Linda fotografia. Imagino a frescura das águas e dá-me vontade de dar um mergulho!
    Os romanos, sim, deviam achar graça! Tão loucos...
    beijinhos

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  2. Sabe sempre bem passear naquele local de amenidade ambiental e temperatura suave, quando o calor do dia sufoca o respirar.

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