Ele tinha a vida dele. Ela tinha a vida dela. Cada um cumpria a sua rotina, seguia a vida possível, jogava o papel que os outros, o mundo, aplaudia. Às vezes, ele e ela encontravam-se nos momentos impossíveis. Conversavam, partilhavam gostos, desmontavam realidades, tocavam-se e, quanto o desejo era mais intenso, tornavam um só os dois corpos. Gostavam de ver o mar, de partilhar uma colheita tardia, de se perderem nos Museus, de dizerem de cor a Poesia que amavam. Não faziam projectos, não tinham passado, a vida fazia-se-lhes de instantaneos de agora, sem amanhã nem encores. Nunca diziam adeus, nunca marcavam rotinas. Liam o olhar do outro, sabiam a que cheirava cada acordar e adivinhavam os apetites de cada momento. Apenas. Não eram felizes, sequer infelizes. Eram humanos. Amantes, dizia o catálogo social.
Lindo!
ResponderEliminarEra mesmo assim que eu queria.
Quem é que pretendia mais?
Que se lixasse o catálogo social...
Bem que podia escrever um romance. Se os professores não tivessem tantos alunos e tantas horas de trabalho !